Escândalo que envolve Josimar com dinheiro de convênios pode respingar em Diego do Depádua


 O escândalo de corrupção envolvendo o deputado federal Josimar Maranhãozinho (PL-MA), revelado em reportagem da Folha de São Paulo, na última quarta-feira, 24, pode respingar no pré-candidato a prefeito de Vargem Grande, Diego do Depádua (PL), que realizou no mês passado uma festa de aniversário com atrações nacionais sem explicar a origem dos recursos.

Segundo matéria assinada pelo repórter Fábio Serapião, a Polícia Federal apontou em uma investigação sobre Josimar a suspeita de que valores provenientes de convênios federais foram parar nas contas do irmão do parlamentar, de aliados políticos e utilizado no custeio da escola dos filhos do parlamentar.

A Folha relata que as informações estão no relatório final da PF da operação Engrenagem, que apura a atuação de uma organização criminosa na fraude de um convênio do Ministério da Agricultura para "adequação de estradas vicinais" no município de Zé Doca (MA), comandado pela irmã do deputado.

Outro trecho da reportagem diz que "o documento aguarda manifestação da PGR (Procuradoria-Geral da República) desde dezembro de 2023. Cabe à PGR denunciar, pedir novas medidas ou arquivar o inquérito".

O contrato no valor de R$ 1,8 milhão foi assinado com a PRL Pereira ME, flagrada pela PF em transações suspeitas com empresas e pessoas ligadas ao deputado.

Além desse convênio, a PF cita no relatório outros R$ 15 milhões em verbas do Ministério da Saúde somente em 2020 destinadas por Maranhãozinho para cidades maranhenses.

A PF chegou a uma rede de empresas suspeitas de serem de fachada e que podem ter sido utilizadas para desvios em vários contratos abastecidos com emendas parlamentares de Maranhãozinho. Isso ocorreu durante a investigação do convênio bancado com dinheiro do Ministério da Agricultura e outras investigações que o deputado é alvo.

"O esquema criminoso envolve o repasse de verbas públicas dos municípios supracitados para pessoas físicas e jurídicas controladas pelo deputado federal Josimar Cunha Rodrigues, que acompanha e empreende esforços para a liberação dos recursos em Brasília, utilizando a facilidade que o cargo de deputado federal lhe oferece, no trâmite junto aos órgãos públicos", diz a PF.

Segundo a PF, um dos beneficiários do dinheiro desviado das licitações pagas com dinheiro federal foi o irmão do parlamentar, chamado Ailton Cunha Rodrigues.

Tabelas encontradas pelos investigadores mostram que, entre os meses de janeiro e junho de 2020 (enquanto o convênio com o Ministério da Agricultura estava em vigor), Ailton Cunha Rodrigues recebeu uma transferência de R$ 50 mil da PRL Pereira, empresa que ganhou a licitação na cidade de Zé Doca.

Em outra planilha, de maio de 2020, diz a PF, identificou-se que a empresa PRL Pereira "provavelmente foi a responsável pelo pagamento das referidas despesas, que incluem a escola dos filhos" do deputado Josimar Maranhãozinho.

"No referido documento, constam a soma das despesas do escritório do parlamentar, com anotações feitas à mão 'Renatinho R$ 16.400,00", diz o relatório da PF.

Renatinho seria Renato dos Santos Lima Filho, que aparece como sócio da PRL Pereira.

Conversas por aplicativo de mensagens entre Renato Filho e Josimar Maranhãozinho mostram o deputado cobrando do empresário o repasse de valores que teriam sido acordados entre eles.

"Estou aguardando a sua parte do acordo que até agora nada", enviou ao empresário o deputado em 18 de agosto de 2021.

"Entendi...eu estou tentando resolver, mas até agora não consegui! E cada dia minha situação piora, financeira sem entrar nada, mas tudo bem vou continuar tentando [sic]! Até conseguir", responde Renato Filho. "Fizemos um acordo onde ficou tudo certo", completa o deputado.

Em setembro do ano anterior, o empresário havia relatado para a esposa a situação da dívida, e que Josimar não lhe dava mais obras. "Nós estamos acabados", afirmou. Em outros diálogos com a esposa, Renato Filho fala de ligações de Josimar para cobrar os valores e contatos do escritório do parlamentar.

Foi no escritório que a PF filmou o parlamentar com maços de dinheiro em outra investigação, a operação Descalabro.

Ligações com Vargem Grande

É aí que entraria o aliado de Vargem Grande. Além de transformar a ‘festa de aniversário’ em showmício, realizada com recursos de procedência desconhecida, o filho de Depádua também é suspeito de organizar outros eventos na cidade sem explicar a origem do dinheiro.

Em setembro de 2021, por exemplo, no período em que Josimar estava no radar da PF, Diego realizava a "1ª Copa Moral" de Vargem Grande, consolidando-se como a maior competição da modalidade na região do Baixo Parnaíba.

Na época, o próprio deputado esteve na cidade, para pagar uma premiação de R$ 10 mil, sendo R$ 6 mil para o time campeão; R$ 3 mil para o vice-campeão; R$ 500 reais para o artilheiro da competição e R$ 500 para o goleiro menos vazado.

O caso promete desdobramentos e pode ‘minar’ a pré-candidatura do filho de Depádua no município.


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